Artigo escrito para a Oficina de Quadrinhos Autorais.
Assim como na música, existe uma categoria autoral dentro da produção de histórias em quadrinhos que, em cada canto do mundo e em cada artista, se exprime de forma singular. Há alguns anos, quando a internet abriu as mentes e nos fez enxergar em outras direções houve uma redescoberta e uma renovação na produção das histórias em quadrinhos autorais ao redor do mundo. Antes, obras dessa natureza, eram raras e muitas vezes estavam restritas a certos guetos.
A ascendente produção das histórias em quadrinhos, desde o aparecimento do jornal impresso no final do século XIX, vivenciou bem de perto o período de censura dos anos 50 nos EUA. Foram escritos livros sobre o mal que essa mídia causava na mente dos jovens a ponto de provocar males sociais como atos de vandalismo e delinqüência, resultando na queima de montanhas de quadrinhos em público e a criação de um “código de autoridade”, que passou a restringir o conteúdo das publicações mais populares do mundo. Muitas editoras faliram ou tiveram que se adequar ao código, que proibia o uso de gírias e roupas sensuais, para citar exemplos. A imagem negativa propagada por essa campanha foi tão grande que ainda hoje muitos pais se preocupam quando seus filhos começam a ler “outros” quadrinhos. Em reação a esse código, o aparecimento da revista MAD, ainda nos anos 50, editada por Harvey Kurtzman, que em suas páginas retratava cinicamente com humor uma sociedade americana abobalhada, criou o terreno fértil para o furioso Comix Underground da década seguinte. Foram autores como Crumb, Williams, Griffin, Shelton os primeiros a publicar seu material de forma independente. Olhando bem para o passado a partir desse ponto da história, não será difícil perceber que os quadrinhos, desde o seu nascimento, sempre foram produzidos sob a influência direta dos acontecimentos da realidade urbana, captavam o espírito do momento e se aproximavam de quem estava antenado na mesma frequencia. Por isso os anos 60 são os mais importantes para essa resistência dentro dos quadrinhos. Um período marcado por guerras e repressão, crise que resultou em grande fervor criativo da juventude daquele período.
Assim como os Beatles ou o Google, os quadrinhos underground repercutiram de forma assombrosa em pouco tempo, enraizando-se nas diversas culturas, influenciando a identidade dos jovens ao lado da música, do cinema, do surf, do graffiti, etc. no mundo inteiro, inclusive no Brasil e na Europa. O aparecimento de bons artistas de histórias em quadrinhos é uma constante. Moebius, Crepax, Manara despontavam na Europa. Henfil, Angeli, Laerte, Fabio Zimbres, Adão através das revistas como Balão, O Pasquim, Chiclete com Banana, Animal, Dumdum e tantas outras, demonstram que o Brasil sempre esteve em conexão com sua produção vanguardista de histórias em quadrinhos. Mais recentemente a internet revelou-nos novos autores brasileiros como André Dahmer, Rafael Sica, Caco Galhardo, Allan Sieber, Arnaldo Branco, o argentino Liniers e diversos franceses, italianos e espanhóis.
Os quadrinhos autorais são os que se revigoram a cada geração e absorvem as mudanças da sociedade, alimentam-se das experiências de outras linguagens artísticas como a música, a literatura, o cinema, as artes plásticas e são movidos pela paixão de quem os faz, pessoas com algo a dizer no momento. Cada vez mais aparecem histórias em quadrinhos que exprimem vontade de estabelecer relações de intimidade com o leitor e de convidá-lo à reflexão, livres para recriar estéticas com ampla possibilidade para a expressão artística. Por ser uma mídia de grande facilidade técnica e imenso carisma no imaginário popular, ela cumpre bem o seu papel de ser um veículo artístico que conecta os seres humanos.
A ascendente produção das histórias em quadrinhos, desde o aparecimento do jornal impresso no final do século XIX, vivenciou bem de perto o período de censura dos anos 50 nos EUA. Foram escritos livros sobre o mal que essa mídia causava na mente dos jovens a ponto de provocar males sociais como atos de vandalismo e delinqüência, resultando na queima de montanhas de quadrinhos em público e a criação de um “código de autoridade”, que passou a restringir o conteúdo das publicações mais populares do mundo. Muitas editoras faliram ou tiveram que se adequar ao código, que proibia o uso de gírias e roupas sensuais, para citar exemplos. A imagem negativa propagada por essa campanha foi tão grande que ainda hoje muitos pais se preocupam quando seus filhos começam a ler “outros” quadrinhos. Em reação a esse código, o aparecimento da revista MAD, ainda nos anos 50, editada por Harvey Kurtzman, que em suas páginas retratava cinicamente com humor uma sociedade americana abobalhada, criou o terreno fértil para o furioso Comix Underground da década seguinte. Foram autores como Crumb, Williams, Griffin, Shelton os primeiros a publicar seu material de forma independente. Olhando bem para o passado a partir desse ponto da história, não será difícil perceber que os quadrinhos, desde o seu nascimento, sempre foram produzidos sob a influência direta dos acontecimentos da realidade urbana, captavam o espírito do momento e se aproximavam de quem estava antenado na mesma frequencia. Por isso os anos 60 são os mais importantes para essa resistência dentro dos quadrinhos. Um período marcado por guerras e repressão, crise que resultou em grande fervor criativo da juventude daquele período.
Assim como os Beatles ou o Google, os quadrinhos underground repercutiram de forma assombrosa em pouco tempo, enraizando-se nas diversas culturas, influenciando a identidade dos jovens ao lado da música, do cinema, do surf, do graffiti, etc. no mundo inteiro, inclusive no Brasil e na Europa. O aparecimento de bons artistas de histórias em quadrinhos é uma constante. Moebius, Crepax, Manara despontavam na Europa. Henfil, Angeli, Laerte, Fabio Zimbres, Adão através das revistas como Balão, O Pasquim, Chiclete com Banana, Animal, Dumdum e tantas outras, demonstram que o Brasil sempre esteve em conexão com sua produção vanguardista de histórias em quadrinhos. Mais recentemente a internet revelou-nos novos autores brasileiros como André Dahmer, Rafael Sica, Caco Galhardo, Allan Sieber, Arnaldo Branco, o argentino Liniers e diversos franceses, italianos e espanhóis.
Os quadrinhos autorais são os que se revigoram a cada geração e absorvem as mudanças da sociedade, alimentam-se das experiências de outras linguagens artísticas como a música, a literatura, o cinema, as artes plásticas e são movidos pela paixão de quem os faz, pessoas com algo a dizer no momento. Cada vez mais aparecem histórias em quadrinhos que exprimem vontade de estabelecer relações de intimidade com o leitor e de convidá-lo à reflexão, livres para recriar estéticas com ampla possibilidade para a expressão artística. Por ser uma mídia de grande facilidade técnica e imenso carisma no imaginário popular, ela cumpre bem o seu papel de ser um veículo artístico que conecta os seres humanos.
2 comentários:
eh quase um manifesto.
Levem em consideração que se trata de um texto para iniciantes. Geralmente os participantes das oficinas vêm de contextos completamente diferentes uns dos outros. Então é meio que preciso criar uma base de referencias do meio underground, que é totalmente constestável, híbrida e mutante!
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